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🔥 Como Evitar Divórcios Sócio-Emocionais em Negócios de Alto Risco
BoitãoNews - Edição #003
A história real onde 20% de uma empresa quase custaram 100% da minha sanidade mental

Naquela madrugada de quarta-feira, enquanto eu encarava a tela do notebook contemplando a merda que tinha me metido, uma verdade cruel me atingiu como um soco no estômago: você só percebe que está numa fria quando já está cozinhando em fogo lento.
Você já deve ter ouvido por aí a metáfora do sapo… A alegoria descreve um sapo que, colocado em água morna que esquenta lentamente, não percebe o perigo até ser fervido vivo.
Diferentemente de ser jogado diretamente em água fervente (onde pularia imediatamente). A mudança incremental o anestesia para o risco.
E foi exatamente assim que me senti quando percebi que tinha pulado de cabeça numa sociedade que estava mais pra threesome mal resolvido do que pra casamento próspero.
Mas vamos voltar um pouco no tempo pra você entender como eu me enfiei nessa roubada - e mais importante, como você pode evitar cair na mesma armadilha.
O Começo da Putaria (Ou: Como Tudo Desandou) 😅

Empreender é foda. Todo mundo fala sobre crescimento, faturamento e liberdade, mas pouca gente te avisa que, às vezes, um CNPJ pode te levar direto para a terapia.
E foi quase isso que aconteceu comigo. Há um tempo, recebi uma proposta inesperada. Eu estava trocando ideia com alguns caras do mercado de nutra que tinham acabado de acertar sua primeira oferta.
Como já tinha uma bagagem considerável — colecionando vitórias e derrotas — virei uma espécie de conselheiro estratégico para eles.
Timing é um filho da puta, né? Justamente nessa época, eu tava passando por uma fase de muita frustração profissional. Eu estava frustrado na empresa onde trabalhava. Apesar de ser cofundador, não era sócio. Meu trabalho gerava resultado, mas meu equity era exatamente zero.
Desalinhamento de expectativas é uma madrasta cruel. Saibam se posicionar! Dica do tio.
Então, veio a oferta que parecia um oásis no meio do caos: "Entra com sua experiência, leva 20% da sociedade. Sem precisar colocar dinheiro."
A operação já tinha uma oferta validada rodando. Só precisava de ajustes.
Spoiler alert: "alguns ajustes" é tipo quando sua mulher diz que "precisamos conversar". Você já sabe que vai dar merda, só não sabe o tamanho da catástrofe.
Refleti, surtei um pouco, refleti mais, surtei de novo... e aceitei. Saí da empresa onde estava e mergulhei de cabeça.
O Casamento Apressado 🚩

Associar-se sem due diligence é tipo transar sem camisinha com uma desconhecida - o prazer momentânero pode te render uma DST empresarial crônica.
E foi exatamente o que eu fiz. Pulei todas as etapas de um relacionamento empresarial saudável:
Zero período de teste;
Nenhuma due diligence emocional;
Nem um projeto piloto pra ver se a química batia.
E no começo, foi lindo. Pensa em uma lua de mel:
🚀 Empolgação lá no talo.
🤝 Parceria fluindo.
💰 Promessas de um futuro glorioso.
Mas como qualquer relacionamento, o tempo revela tudo.
Defeitos, incompatibilidades, frustrações…
Eu gostava dos caras, de verdade. Mas a dinâmica era um desafio. Nossa relação não teve flerte, nem namoro, nem noivado.
Fomos direto da cama no primeiro encontro para o casamento.
E, no começo, funcionou.
A oferta tinha parado de vender pouco antes da minha entrada. Ajustamos tudo e, mesmo eu não sendo fã daquela VSL, era fato que ela convertia. Só precisava de um direcionamento certo.
O mercado de direct response é assim:
📉 Primeiro, você gasta.
📉 Depois, gasta mais.
📈 Aí, um dia, acerta — e recupera tudo com alta lucratividade.
É foda.
Ver o dinheiro derretendo no tráfego enquanto tenta acertar a mão não é para qualquer um. Mas faz parte do jogo.
Toda Oferta é Como um Show de Rock 🎸

Deixa eu usar uma analogia que eu amo: imagine uma oferta de direct response como uma banda de rock (minha paixão, inclusive).
Pra uma música dar certo, tudo precisa se encaixar perfeitamente:
Guitarra no tempo certo
Baixo marcando a base
Bateria mantendo o groove
Vocal poderoso
Letra que faz sentido
Quando tudo se encaixa? Puta que pariu, é mágico. Um hit pode mudar a vida de uma banda inteira - as "one-hit wonders" tão aí pra provar.
Quer exemplos? Toma:
Hoobastank – “The Reason”
O Surto – “A Cera”
Survivor – “Eye of the Tiger”
4 Non Blondes – “What’s Up”
Lou Bega – “Mambo No. 5”
No direct response é a mesma merda. Sua oferta precisa estar perfeitamente alinhada. Quando as peças se encaixam, parece mágica.
Exemplos de Elementos Críticos de uma Oferta:
Play Rate da VSL tá uma bosta?
Um simples ajuste de headline na VSL page pode resolver
Mas tem que ter culhão pra testar e investir!
Retenção no pitch tá fraca?
Uma boa pré-VSL pode dobrar essa retenção
Mais gente chegando no pitch = mais conversões (ou não)
Muita iniciativa de compra e pouca conversão?
Teste de ticket com estímulo de prova
Close mais agressivo
Escassez bem fundamentada (não aquele fake mega manjado)
O segredo do jogo?
🔁 Ajustar. Testar. Investir. Repetir.
Mas tem um detalhe: nem todo mundo tem estômago para isso. E um dos sócios claramente não tinha.
Isso gerava discussões repetitivas e cansativas. E, sinceramente? Eu não tenho paciência para ser repetitivo.
💀 Ensinar, eu gosto.
Explicar duas, três, dez vezes a mesma coisa para a mesma pessoa? Não dá.
Eu até admito isso com meu filho, de 6 anos de idade, mas pra marmanjo barbudo que quer ser empresário? Nem fudendo.
Tem outra coisa que me tira do sério: falta de bom senso.
Se você cobra execução dos outros, cumpra a sua parte primeiro!

Não seja o cara que exige como um leão, mas executa como um gatinho!
Sempre tive um princípio:
📢 Elogios são públicos.
🤫 Críticas são privadas.
Se precisar corrigir alguém, faz no privado. Se for elogiar, faz na frente de todo mundo.
Agora, junta isso com outro problema clássico de muitas empresas de direct response: calls desnecessárias e improdutivas.
Antes de marcar uma, se pergunte:
Isso é importante para o negócio ou só para o meu ego?
Dá para resolver com uma mensagem bem escrita?
Eu divido meu dia entre trabalho, casa, filhos, treino e estudo. Tenho blocos de produtividade bem definidos. Sugiro que você trabalhe isso, caso tenha uma rotina parecida com a minha, ou tudo pode ruir.
Quando saio da mesa de trabalho para dar banho no meu filho ou levá-lo à escola, ou fazer uma refeição em família, esse momento é sagrado. Agora, imagina minha cara quando alguém me pede para largar tudo para uma call surpresa inútil, improdutiva e absolutamente desnecessária? 😤
A Falácia da Complementariedade
Momento de vida e mentalidade importam. Pensa numa empresa com três sócios:
Casado, com filhos, sem reservas financeiras, ainda na luta.
Solteiro, muito mais jovem, mora com os pais, sem grandes responsabilidades financeiras ou dependentes, erva todo dia.
Casado, financeiramente estável, full mindset de mercado tradicional.
Plot twist: Nenhum desses é necessariamente um problema - o contexto define a toxicidade.
Cedo ou tarde, isso vai dar merda. Sociedade é um casamento. E se você casa sem conhecer direito com quem está se metendo, a chance de divórcio é alta.
E no meu caso, o divórcio veio. Eu estava infeliz, insatisfeito, improdutivo. A situação virou um inferno astral.
Então, fiz o que precisava ser feito, consegui sair antes que o divórcio virasse guerra...
🚪 Saí da sociedade.
🧠 Preservei minha sanidade.
🍻 Mantive a amizade.
Fim da linha.
A lição?
💡 Antes de entrar em uma sociedade, conheça muito bem com quem você está se unindo.
A promessa pode ser linda no papel. Mas se a convivência for insustentável, o negócio vira um fardo.
E aí, não tem equity que pague sua paz.
O Assassino Invisível das Startups

Um dado alarmante: conflitos interpessoais destroem mais empresas que a falta de capital!
Causa de Morte | % Startups |
---|---|
Conflitos entre sócios | 65% |
Falta de capital | 20% |
Problemas de produto | 15% |
Fonte: Estudo longitudinal de Noam Wasserman (Harvard) com 10k startups.
Padrão Comum:
83% dos conflitos começam com "pequenas farpas" não resolvidas;
62% envolvem divergência de visão de longo prazo;
47% têm componente emocional/familiar.
📉 Termômetro da Febre Relacional Societária
💡 Toda sociedade passa por desentendimentos. A questão é: você está resfriado ou em estado terminal?
Aqui estão os quatro estágios da febre societária e seus sintomas. Veja onde você se encaixa:
🟢 Nível 1: Discordância profissional (Aquecimento normal. Faz parte do jogo)
🔥 Pequenas faíscas. Nada sério. Discussões sobre números, estratégias e prioridades.
"Nosso CPA tá muito alto!"
"LTV da base tá baixo porque o suporte tá uma merda!"
"ROAS caiu porque a copy nova não bateu."
Aqui, todo mundo ainda está na mesma página: querem o sucesso do negócio, só discordam do caminho.
É como uma banda brigando sobre a setlist do show. Tensão criativa faz parte.
Mas se isso se repete com frequência e sem resolução, a febre começa a subir.
🟡 Nível 2: Ressentimento pessoal (A febre começa a incomodar)
🔥 Agora a treta já não é mais só sobre números. É sobre o ego.
O tom muda. Já não é mais "esse processo não faz sentido", e sim "VOCÊ nunca escuta."
O WhatsApp do grupo fica silencioso. Só mensagens frias e diretas.
Decisões são tomadas em calls seletivas, excluindo um dos sócios "para facilitar a conversa".
A relação começa a rachar. A questão já não é mais sobre o negócio, mas sobre se sentir ouvido e respeitado.
Se não for resolvido, a febre sobe para níveis perigosos.
🔴 Nível 3: Síndrome do "Mal Necessário" (Febre alta. Você já pensa em analgésico — ou anestesia total)
🔥 Agora a presença do sócio incomoda.
Calls viram um peso. Antes de entrar, você já pensa "PQP, mais uma hora da minha vida indo pro lixo."
Você torce para que ele não compareça à reunião.
Começam as decisões importantes onde alguém não é nem consultado.
Aqui, a relação já está contaminada. A empresa só continua porque dá dinheiro.
Mas a pergunta começa a surgir na sua cabeça:
"Será que vale a pena? Ou é hora de buscar um plano B?"
🏴☠️ Nível 4: Vontade de sumir com o CNPJ (Estado terminal. Melhor chamar um advogado)
🔥 O negócio virou um inferno. Agora, sobreviver é mais importante que crescer.
Você já calculou quanto tempo sobreviveria se largasse tudo.
Seu cérebro já tem um plano de fuga, seja um novo projeto, um novo sócio ou simplesmente um sabático forçado.
Informações são omitidas de propósito. Não por malícia, mas por puro desgaste emocional.
Aqui, a sociedade está morta. Só falta alguém assinar o atestado de óbito.
🩺 Diagnóstico final:
🔍 Se você está nos níveis 1 ou 2, ainda há esperança. Comunicação aberta pode consertar as rachaduras.
⚠️ Se já bateu o nível 3, pense bem se vale a pena continuar. Se um sócio se tornou um mal necessário, você já está saindo — só não percebeu ainda.
💀 Se chegou no nível 4, pare de se enganar. Ou muda tudo, ou pula fora.
Porque, no final, não existe sociedade tóxica lucrativa.
Conflito é como febre - só mata quem ignora os sintomas.
🎸 Power Chord Final
Antes de assinar aquele contrato de sociedade, faz um favor pra si mesmo:
PÁRA. RESPIRA. REFLETE.
💭 Você realmente conhece esses caras?
💭 As expectativas e valores (filosóficos e numerais) estão alinhados ou só parece?
💭 E se der merda... tem plano B?
O discurso do “queima o barco e vai” pode ser inspirador na boca de um coach, mas na vida real, sem um bote salva-vidas, você só vira comida de tubarão.
Se você tem família, filhos, boletos, pensar num plano B não é covardia.
É sobrevivência.
E sabe quem me puxou de volta quando esse barco começou a afundar?
O mesmo brother das edições anteriores. Alguém em quem confio, que me fez lembrar que coragem não é insistir no erro, mas saber a hora de sair.
🚢 Não queimei a porra do barco.
🏝️ E tive pra onde voltar.
P.S.: Se bateu aquela lembrança amarga de uma sociedade ferrada ou de um sócio que te tirou do eixo, comenta aqui ou responde este email. Quero ver quantos traumas societários essa newsletter vai destravar. 🔥
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